A obra O Crime do Padre Amaro foi escrita durante o
Naturalismo/Realismo e publicada em 1875.
O Realismo em Portugal tem seu início marcado com a Questão
Coimbrã em 1865, liderada por Antero de Quental, e estende-se até 1890, quando
Eugênio de Castro publica a obra “Oaristos”, dando início ao período
Simbolista. Durante esses 25 anos de predomínio da estética Realista, Portugal dói
governado por D. Luís I e, em seguida por D. Carlos I.
D. Luís herdou a coroa em 1861 quando seu irmão D. Pedro V
faleceu sem deixar descendentes. Durante o seu reinado e, em consequência da
criação do imposto geral de consumo, que não agradou a opinião pública,
aconteceu a rebelião “Janeirinha” (final de 1867). Em 1870, estourou uma
revolta militar, que pretendia a demissão do governo. Em represália o Rei
substituiu todo o ministério. Depois do conflito parlamentar ocorrido em 1878,
os progressistas atacaram o rei, acusando-o de patrocinar os regeneradores.
Este episódio constituiu um incentivo ao desenvolvimento republicano. No ano
seguinte, D. Luís chamou os progressistas para formarem o governo. Em 1889, com
a morte de D. Luís, tem o inicio o governo de D. Carlos. Nesse período o país
atravessava uma grave crise econômica. Os bancos e as empresas estavam falidos,
o desemprego aumentava em grande escala e, por isso as classes trabalhadoras
eram submetidas a duríssimas condições de trabalho em troca de salários
miseráveis. Tudo isso gerou um descontentamento geral, que foi refletido em uma
série de protestos e greves. Para piorar a situação, em janeiro de 1890, a Inglaterra
deu um ultimato a Portugal, exigindo que fossem retirados os exércitos
portugueses que se encontravam entre Angola e Moçambique, caso contrário a
guerra seria declarada.
O desfecho desse momento conturbado vivido por Portugal se
dá no ano de 1891, já sob a influência da estética Simbolista.
O ambiente social, na
Europa de então, sofria os efeitos da consolidação da civilização burguesa, o
surgimento do proletariado e de suas lutas, das idéias do liberalismo e
democracia e suas inúmeras mudanças, o desenvolvimento das ciências naturais e
teorias científicas. Foi um cenário de ênfase no aspecto material, com uma
forte redução no espiritualismo e críticas severas à religião, apresentada como
manifestação primitiva do ser humano. Assim, no Realismo a literatura torna-se
menos uma distração e mais um meio de crítica e combate às instituições.
Assim, as
características principais do Realismo incluíam a busca da realidade de vida,
mostrada como realmente é, com os lados positivos e negativos; um pessimismo
latente, onde as criaturas eram más e mal intencionadas, ao contrário do
Romantismo, onde eram tratadas como bondosas; uso de temas de caráter
grosseiro, para chocar os padrões morais do leitor; preocupação em relatar os
fatos comuns do dia-a-dia, que no Romantismo eram preteridos pelo
extraordinário, pelo invulgar; tudo descrito com minúcias, muitas vezes em
demasia.
O Realismo não foi
tanto uma escola literária como um sentimento novo, uma nova atitude espiritual
em que couberam direções muito divergentes, que se alçou contra um idealismo
sem idéias. A sua conseqüência mais vital e duradoura foi romper com o
patriotismo provinciano dos ultra-românticos, abrindo o espírito nacional a todas
influências externas e ampliando a gama de escolha dos motivos literários.
Embora tenha conhecido na França a sua forma mais rigorosa, o Realismo é igualmente um fenômeno europeu.
Em Portugal, as semelhanças entre Realismo e Naturalismo eram muito fortes. O principal representante do Realismo português foi Eça de Queirós, com a
publicação do conto Singularidades duma rapariga loira que,
na opinião de Fialho de Almeida, foi a primeira narrativa realista escrita em
português. Com o aparecimento de O crime do padre Amaro e
de O primo Basílio, ambos de Eça de Queirós, no qual o Realismo e o Naturalismo se confundem, a nova escola implantava-se definitivamente.
Bibliografia:
Bibliografia:
Jéssica e Robson,
ResponderExcluirvi todos os textos do blog e o plano de aula.
As escolhas foram muito interessantes e o trabalho ficou muito bom. As discussões ficariam mais ricas se houvessem mais componentes no grupo.
bj
Lígia